Morar ou viver sozinho(a) pode ser sinônimo de conquista, de liberdade ou independência financeira, emocional. Geralmente denota uma fase de maturidade da idade adulta, de responsabilidades, de organização e planejamento, para tudo. Quem mora só e pode contar com alguém da família ou com amigos(as) para resolver um problema ou alguma eventualidade, pode considerar-se sortudo(a), privilegiado(a). Muitas pessoas contam, também, com animais de estimação como cães e gatos para conviver.
Aliás, cada vez mais as famílias diminuem em tamanho e os “pets” aumentam: um, dois, três gatos num apartamento pequeno? Claro, óbvio! Vida real, como eu sempre digo. Alguém certamente dirá que pessoas sozinhas são cheias de manias, apresentam problemas de relacionamento, são exigentes demais, arrogantes demais, inteligentes demais... Antes eu as criticava; hoje, as elogio.
Pessoas sozinhas, solitárias?
A maioria das pessoas que conheço, nesse contexto, apresentam características similares. Muitas são desconfiadas, outras gastam demais, falam demais, não casaram, não tiveram filhos, separaram-se. Outras, os filhos saíram de casa e vivenciam a síndrome do “ninho vazio”. Além de cães e gatos, o interesse por folhagens pode aumentar com o passar do tempo. Sabe a “louca das plantas”? Aquela pessoa que pede mudinhas em cada lugar que chega? Muito prazer, é um caminho sem volta. Vida real. Outras apresentam certa tendência em acumular objetos, roupas, lembrancinhas de tudo quanto é tipo de coisa. Uma conhecida comprou um roupeiro novo, feliz da vida, fez uma ótima compra. Perguntei se ela venderia ou doaria o roupeiro antigo. Pausa dramática: meio sem jeito, ela me confessou que ele continua lá no seu quarto, acomodando roupas de cama e cobertores. Sim, ela usa dois roupeiros, enormes, no quarto.
Relações e con-VIVÊNCIA
Pessoas complexas, perfis complexos. Sem julgamentos, apenas descrição, contextualização. Eu trabalho com gente. Um conhecido, leonino, sempre reclama que está cada vez mais difícil fazer amizades ou namorar. Eu só observo: de cinco convites que eu faço, ele recusa quatro. Prefere receber na sua casa a ter de sair. Não sai de sua “torre”. Assim fica (mais) difícil. Vida real. Há também pessoas que moram sozinhas e que reclamam de outras pessoas que moram sozinhas. Você acredita? Uma fala da outra, eu rio. No fundo, ou na superfície, são bem parecidas. Penso em oferecer um espelho. Só penso...
Há um momento antes e depois de morar sozinho: os filhos já saíram de casa, os pais já faleceram e a vida segue seu fluxo, sem pausas. É preciso aprender com a solidão, ou solitude. “A dor ensina a gemer” ou “pela dor ou pelo amor”, dizem os mais velhos. Há pessoas que melhoram com o tempo, outras nem tanto, e viver na solidão, ou na solitude, pode interferir nesse processo.